sábado, 27 de outubro de 2012

EGON SCHIELE.- EXPRESSIONISMO AUSTRIACO



EGON SCHIELE . A FOME E O SEXO













Egon Schiele, um dos expoentes máximos do expressionismo austríaco, nasceu em Junho de 1890 na estação de combóios de Tulln, onde o seu pai, Adolf, trabalhava ao serviço da Companhia de Caminhos de Ferro Austríacos e morreu em 1918, com apenas 28 anos. Durante a sua curta vida produziu uma obra importantíssima que define e prefigura, como nenhuma outra, a “malaise” de um século violento e trágico.

Na terra natal de Egon Schiele, nas margens do Danúbio, não existia nenhuma escola e, em 1901, o jovem foi enviado primeiro para Krems e depois para Klosterneuburg, nos arredores de Viena para onde toda a família se mudou devido ao estado de saúde de Adolf que morreu em 1905, depois de ter sido oficialmente consideradado louco. Na adolescência, Schiele assumiu o desaparecimento do pai como um trauma, desenvolvendo uma doentia aversão em relação à mãe a quem, à semelhança de Hamlet, culpava por não ter chorado convenientemente o marido e de quem se queixava de falta de afecto. A instabilidade emocional do jovem Egon, predispunha-o para o desenvolvimento das capacidades artísticas que manifestou desde muito cedo, embora se insurgisse contra os que o incentivavam a seguir a carreira de pintor. (“Os meus grosseiros professores foram sempre os meus piores inimigos”, gostava ele de afirmar).
Precoce, arrebatado, absolutamente seguro da sua genialidade, Schiele associava os comboios da sua infância à ideia de evasão, de viagem. Com apenas dezassete anos arrastou a sua adorada irmã Gertie, de treze anos, que lhe despertava um amor incestuoso, até Trieste e, em 1913 deslocou-se a Varsóvia, Krumau, Munique, Villach, Tarvis e Altmunster no lago Traun. A sua inquietação não lhe permitia qualquer tipo de relações estáveis mas a sua entrada para a Academia de Belas-Artes de Viena, contrariando as intenções do seu tio e tutor Leopold, foi determinante para a sua carreira. Passou brilhantemente no exame de admissão, apenas com dezaseis anos e, em 1908, expôs pela primeira vez, em Klosterneuburg.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

BARES E RESTAURANTES POPULARES RESISTEM NA POLÔNIA



Baratos e tradicionais, são relíquias gastronômicos, remontam ao fim do século XIX e multiplicaram-se após II Guerra

Todo em madeira, o Bar Mleczny Familijny, ou Milk Bar Familiar, contrasta com os restaurantes caros da Avenida Nowy Swiat, a mais badalada e cosmopolita de Varsóvia. Um passo adentro e o cardápio todo em polonês só deixa entrever que há, sim, pierogi, os pasteizinhos cozidos com vários recheios, entre outras dezenas de pratos – ilegíveis sem um dicionário no bolso – com preços em torno de um euro.
O caminho para o caixa, primeira parada antes de pegar a comida, mais parece uma trilha rumo ao confessionário. A operadora fica atrás de uma tela de madeira e só fala o básico em polonês. O pedido é para ser feito rápido, porque o prato sai um passo à frente, sem demora. Na fila, tente contar com a ajuda de alguém solidário para fazer o pedido. Na dúvida, tente bigos (repolho com carne de porco desfiada e purê de batata). Não tem como errar na dicção.

Os milk bars são uma instituição polonesa do final do século XIX. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em que 80% de Varsóvia foi destruída, e a adoção do comunismo soviético, eles se mantiveram na ativa como os restaurantes do trabalhador – baratos e de comida caseira. Depois de 1989, muitos fecharam e os remanescentes são mantidos com subsídio do governo. Vivem lotados.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O CARTEL DA VELHA MÍDIA CONTRA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO




Reunião da SIP termina em São Paulo de forma grosseira — com posturas opostas às da ONU e ataques ao Wikileaks

Da Carta Maior

68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), realizada de 12 a 17 de outubro, em São Paulo, mostrou mais uma vez que essa entidade, que na prática funciona como um sindicato dos donos dos grandes conglomerados de comunicação, representa hoje uma das mais graves ameaças à liberdade de expressão na América Latina. A constatação não chega a ser uma novidade, mas algumas coincidências muito expressivas marcaram o encontro da SIP no Brasil. Enquanto os grandes empresários que dirigem a entidade e seus dedicados funcionários apontavam a “Ley de Medios” do governo argentino como uma das mais graves ameaças à liberdade de expressão e de imprensa no continente, o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Liberdade de Opinião e de Expressão, Frank La Rue, dizia, em Buenos Aires, que essa lei é avançada e representa um “modelo para todo o continente e para outras regiões do mundo”.
Diante dessa gritante divergência de avaliação a respeito de uma mesma lei, cabe perguntar: onde reside exatamente a diferença entre a SIP e a ONU? Para a SIP, a “ameaça à imprensa independente” na Argentina pode “ter um capítulo obscuro em dezembro, quando o governo pretende avançar sobre os meios audiovisuais do Grupo Clarín desconhecendo sentenças judiciais e normas legais”. No dia 7 de dezembro, vence o prazo fixado pela Corte Suprema para a medida cautelar com a qual o grupo Clarín conseguiu bloquear, durante três anos, a aplicação do artigo 161, que obriga as empresas a abrir mãos das concessões que superem o limite estabelecido pela nova legislação para evitar práticas monopólicas.

Compreende-se assim a preocupação da SIP. Os empresários fogem de qualquer limitação legal à prática de monopólio (direto ou cruzado) como o diabo da cruz.
O que a SIP considera uma ameaça, o relator da ONU considera um avanço. “Eu considero essa lei um modelo e a mencionei no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Ela é importante porque, para a liberdade de expressão, os princípios da diversidade de meios de comunicação e de pluralismo de ideias é fundamental”, afirmou Frank La Rue. Desnecessários dizer que a SIP e os veículos de comunicação de seus dirigentes omitiram completamente as declarações do relator da ONU. O limite da liberdade de imprensa e de expressão que defende é exatamente o limite de seus interesses econômicos, nem mais nem menos. Para compreender a natureza desses interesses é preciso recordar a própria história da SIP e de seus dirigentes, que, na América Latina, está intimamente ligada ao apoio a golpes militares, à deposição de governos constitucionais, à violação sistemática de direitos humanos e à censura. Para a SIP, é fundamental que essa história permaneça oculta, mas cada vez que um de seus dirigentes ou aliados abre a boca para dizer algo, ela vem inteira à tona.
Um exemplo disso é o editorial do jornal O Globo, de 16 de outubro de 2012, intitulado “Cerco à liberdade na América Latina”. Logo no início o editorial afirma: “Qualquer pessoa medianamente informada sabe que a democracia representativa passa por um ciclo de ataques na América Latina, região com longa história de recaídas autoritárias”. De recaídas autoritárias, o grupo Globo, de fato, entende, afinal, prestou inestimáveis serviços à ditadura brasileira, assim como o grupo Clarín fez com a ditadura argentina. Não é por acaso, portanto, que O Globo saia em defesa do seu parceiro argentino, acusando a presidenta Cristina Fernández de Kirchner de querer obrigá-lo a se desfazer de várias concessões de rádio e TV que hoje compõe um dos tantos monopólios que há no setor na América Latina.
Qualquer pessoa medianamente informada sabe qual foi o papel que a Globo e outras grandes empresas de mídia, desempenharam na ditadura brasileira, como foram cúmplices de assassinatos, torturas, desaparecimentos de pessoas, violação de direitos humanos fundamentais e supressão da liberdade de imprensa e de expressão. O mesmo ocorreu na Argentina, com os grupos Clarín e La Nación, no Chile com o diário El Mercurio, e em praticamente todos os países da região. Mais recentemente, a tradição golpista da entidade foi exercida na Venezuela, em Honduras, no Equador e no Paraguai.
A SIP e seus dirigentes, neste contexto, têm uma sólida ficha corrida de serviços prestados à violação de liberdades na América Latina. É compreensível, portanto, que, no momento em que esse poder começa a ser contestado e ameaçado, seus veículos venham a público alertar para o “cerco à liberdade na América Latina”. Há apenas uma liberdade que está sob cerco na região: a liberdade dos donos de grandes conglomerados midiáticos continuarem sonegando à população o direito à livre expressão e a um jornalismo de qualidade.
Jornalismo, aliás, que não é mais o interesse central da SIP e seus veículos há muito tempo. O fato já foi admitido inclusive pela presidenta da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Judith Brito, que reconheceu que os grandes veículos de imprensa estavam substituindo o papel da oposição ao governo Lula. “Esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”, disse a executiva da Folha de S.Paulo em março de 2010. Para desempenhar essa função, esses veículos não hesitam em deixar o jornalismo de lado. Como fez mais uma vez o grupo Globo esta semana que contratou uma pesquisa Ibope para avaliar a intenção de voto dos eleitores de São Paulo no segundo turno da eleição municipal e, diante do aumento da vantagem do candidato Fernando Haddad (PT) sobre o candidato José Serra (PSDB), simplesmente sonegou a informação no principal noticiário do grupo, o Jornal Nacional. A SIP, a ANJ, seus dirigentes e filiados também guardam profundo silêncio sobre as agressões e truculências praticadas por José Serra contra jornalistas, inclusive de seus veículos. O que está sob cerco na América Latina, é a possibilidade se seguir chamando tais práticas de “jornalismo”.
A cereja deste bolo de autoritarismo, cinismo e hipocrisia foi fornecida pelo novo presidente da SIP que, no discurso de encerramento da assembleia da entidade, além de repetir os discursos citados acima, resolveu atacar o jornalista australiano Julian Assange, fundador do grupo Wikileaks, que atualmente encontra-se refugiado na embaixada do Equador em Londres, já tendo recebido asilo político deste país. Jaime Mantilla, do diário Hoy, do Equador, acusou Assange, classificado por ele como um “indivíduo hábil e irresponsável”, de “conseguir informação de maneira fradulenta e praticar o jornalismo desonesto”. Os jornais brasileiros, mais preocupados em blindar seu dirigente do que em fazer jornalismo, omitiram as declarações do recém-empossado presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa.
Esses são, portanto, alguns dos principais alvos da SIP e de seus braços midiáticos no continente, como a ANJ no Brasil: políticas contra a prática de monopólio, apontadas como exemplares pela ONU, jornalistas como Assange, que vive hoje trancafiado em uma embaixada por ter exposto segredos de guerra da maior potência do planeta, leis que busquem garantir o direito à diversidade de opinião e à liberdade de expressão. Os fatos falam por si. Qualquer pessoa medianamente informada, sabe hoje que entidades como a SIP e a ANJ representam, de fato, uma grave ameaça a essas liberdades e direitos em toda a América Latina.




quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PARADIGMA DE POLÍTICAS CULTURAIS


Na sintonia da Cultura e Conhecimento livres

Print Friendly
Manifesto da Rede Metareciclagem abre diálogo com MinC e sugere retomar caminho que tornou país paradigma de políticas culturais transformadoras
Por Rede Metareciclagem
As expectativas de que a nova ministra da Cultura, Marta Suplicy, abra com os movimentos da área um diálogo realmente capaz de produzir mudanças voltaram a crescer. Semanas depois de a rede Fora do Eixo (FdE) articular, em Brasília, umareunião com dezenas de ativistas, que fizeram reivindicações a Marta, a Rede Metareciclagem lança hoje um documento endereçado ao MinC. Reúne um com vasto conjunto de propostas, ligadas em especial às intersecções entre Cultura, Tecnologia, Ciência e Comunicação.
Fica claro que, se as intenções do MinC forem firmes, a construção conjunta com a sociedade será rica. Assim como a reunião montada pelo FdE, o texto da Metareciclagem revela vasto conhecimento e capacidade de formular políticas públicas. Passa por um amplo leque de temas: reforma das leis de direito autoral, acesso às informações do Estado, acesso à banda larga de internet, exame de novos paradigmas de pesquisa cientifica, estímulo à produção de softwares públicos, definição avançada das tecnologias para rádio e TV digitais. Em todos eles, vai além do discurso. Referencia-se em ações que rede já executa e formula, com base nelas, propostas muito concretas.Foi formulado a partir de uma série de consultas, entre a própria rede e pretende ser canal para abertura de um diálogo com o ministério.
Durante o governo de Lula e o período dos ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, caracterizou-se por desenvolver políticas culturais relevantes e avançadas. Por serem criadas segundo uma nova concepção das relações entre Estado e sociedade e adaptadas à era das redes e da produção imaterial, muitas tiveram, também, grande repercussão internacional. Este ímpeto cessou e retroagiu, nos últimos dois anos. Crescem os sinais de que há tudo para retomá-lo. O documento da Rede Metareciclagem vem a seguir. (A.M.)
Plante e Viva! Código é Mato; Importante são Pessoas!
Anônimo e Coletivo
1 ponto e vírgula A+, “Enter”. && você já não está no mesmo lugar;
Supla Selva & Yupana Kernel

Abrimos este canal para dialogar com o Ministério da Cultura, buscando destacar tópicos de suma importância para a cultura, em suas interfaces com a tecnologia, ciência e comunicação. Propomos abaixo alguns pontos que julgamos relevantes para o presente e o futuro, a partir da nossa larga experiência coletiva em redes cultivadas na Internet e nas ruas, com a utilização plena de software livre para produção cultural, bem como no exercício da cultura livre como prática constante. Na realização de encontros presenciais relacionados a arte, mídia, participação social, ciência, tecnologia presenciamos e integramos todo tipo de discussões políticas e ações distribuídas e não-verticalizadas. Durante este processo decidimos ampliar o número de destinatários, dada a pluralidade de intenções. Como e com quem resolver?
Esta carta foi escrita por diversas mãos a partir de uma iniciativa que surge no seio da rede MetaReciclagem e então se espalha pela Internet. Lembramos que a MetaReciclagem era parte fundamental do conceito e prática da Ação Cultura Digital elaborada nas gestões passadas. Entre as pessoas abaixo assinadas estão articuladores que participaram da criação e internacionalização do Cultura Viva, do Programa Nacional dos Pontos de Cultura e das ações de Cultura Digital, realizando na prática estes programas governamentais. Gostaríamos que o Ministério da Cultura e todxs xs destinatárixs desta carta atentassem aos pontos abaixo:
Lei do Acesso à Informação e Governo Aberto - Disponibilização adequada (de forma legível por pessoas e máquinas, em padrões abertos) de todas as informações do Ministério da Cultura, inclusive as relativas ao orçamento (levando em consideração também os recursos das leis de incentivo fiscal) e sua distribuição entre as regiões do país. Incentivo à formação de Conferências de Cultura permanentes e abertas, e ao aprimoramento e a simplificação dos canais de diálogo e intervenção da sociedade civil (organizada ou não-organizada legalmente) na gestão do Ministério. Tomada de decisões junto à sociedade civil através de consultas públicas.Gênero, Produção Cultural e Apropriação Tecnológica -  Estímulos a projetos de acesso e uso crítico da tecnologia (hardware, software e redes) e dos meios de produção cultural. Investimento em pesquisa e programas de introdução à apropriação tecnológica específicos para diversidade de gênero de todas as idades, culturas, raças e classes sociais, para que sejam estimuladxs a participar de processos de produção cultural com ferramentas tecnológicas. Esse contexto é onde mais existe déficit de participação. Entram nesse contexto mulheres, transgêneros, transexuais, travestis, prostitutas, queers e todo tipo considerado aberração para a sociedade machista, que ainda domina muitas das gerências da cultura, da ciência e da tecnologia.
Reforma da Lei de Direito Autoral - Um  largo processo foi iniciado, durante o governo Lula, que tinha como missão atualizar a legislação brasileira sobre o direito autoral. É  praticamente um consenso a necessidade da reforma da Lei 9.610/98, visto que a última década foi marcada por profundas transformações – não só  técnicas mas principalmente políticas e culturais – que alteram radicalmente a forma como nos relacionamos com o direito autoral. Como exemplo dessas transformações, temos a difusão de espaços e práticas de compartilhamento – redes P2P – que se tornaram verdadeiros terrenos de uma guerra global entre defensores da “propriedade intelectual” e ativistas da cultura livre. Outro exemplo dessas transformações é a  difusão cada vez maior de uma cultura de remix. Desde 2007, o MinC vem fomentando o  debate sobre temas como cópia  privada, uso educacional de obras  protegidas, proteção ao autor e cessão  de direitos.Acreditamos necessário avançar muito nessa área pois o acesso a produções culturais é  essencial para a multiplicidade e diversidade da cultura brasileira,  para a diversificação de olhares, assim como a formação de uma cultura política e não somente políticas culturais. Alguns avanços  significativos podem ser conquistados nessa área como a  descriminalização de práticas ditas de “pirataria”, a  possibilidade de cópia  privada, a criação de um sistema de supervisão pública e descentralizada dos órgãos coletores de direitos autorais, a questão das cópias para uso educacional e o aumento das possibilidades de usos “justos” das  obras protegidas. Devemos buscar soluções para a remuneração do trabalho da cultura e da arte que passem  pelo reconhecimento da dimensão coletiva de sua produção, destacando as possibilidades de produção cooperativa e a impossibilidade da cultura ser entendida como submetida somente à economia – ainda que a questão da valoração do trabalho de artistas e produtores culturais seja essencial.

domingo, 7 de outubro de 2012

NOVA ESPÉCIE DE BROMÉLIA É DESCOBERTA NO BRASIL


Nova espécie de bromélia é descoberta na Paraíba



Tillandsia paraibensis
 plantada longe de seu ambiente natural para a realização de estudos taxonômicos.

A riqueza da fauna na região de transição entre os biomas Caatinga e da Mata Atlântica é ainda pouco conhecida. É lá, num rochedo localizado dentro do Parque Estadual da Pedra da Boca, uma unidade de conservação estadual localizada no município de Araruna, na Paraíba, que o botânico Ricardo Ambrósio Soares de Pontes coletou pela primeira vez em 2004 uma espécie incomum do gênero Tillandsia, da família das bromélias. Quase 8 anos depois, a nova bromélia denominada Tillandsia paraibensis, foi descrita na última edição da Rodriguésia, a revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

T. paraibensis vive na rocha nua a pleno sol e sem nenhum acúmulo de substrato, ou seja, não precisa de terra ou outro tipo de nutrientes para sobreviver. Esta planta é de difícil floração, o que dificultou a confirmação da espécie. 

“Após um exaustivo trabalho de taxonomia (identificação), visitando coleções locais e nacionais, artigos científicos e consultas a outros especialistas, decidi descrever em 2010 esta nova espécie, que foi submetida para a publicação em 2011 e publicada em 2012”, disse Pontes, em entrevista por e-mail ao ((o)) Eco.

A primeira coleta da bromélia foi feita em 2004, quando Pontes desenvolvia seu projeto de mestrado pela Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e percebeu estar diante de uma nova espécie.  



O botânico Ricardo Pontes (de camisa vermelha) e o escalador profissional Júlio Castelliano se preparam para coletar a espécie em seu ambiente natural. Foto: divulgação

Até o momento, a nova espécie só foi encontrada neste complexo de afloramentos rochosos, sendo considerada uma espécie microendêmica -- só ocorre neste local.

“Esta descoberta é extremamente importante para a conservação desta área natural, onde apenas espécies altamente adaptadas conseguem sobreviver. Demonstra que a área é rica em biodiversidade e é ainda pouco conhecida. Outras espécies podem ser descobertas” explica Pontes.

A T. paraibensis já faz parte do acervo de plantas vivas do Jardim Botânico de João Pessoa e quem tiver interesse, pode ir lá conhecê-la.



Ricardo Pontes trabalha como assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente do Município de João Pessoa e é consultor ambiental da área florística do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), em Recife (PE). 

sábado, 6 de outubro de 2012

NEIL SMITH - "GENTRIFICAÇÃO"


Morre Neil Smith, que cunhou o termo “gentrificação”



Geógrafo era referência para pesquisadores e grupos que lutam pelo direito à cidade. Tradução ao português do conceito criado por ele é primária
Por Gabriela Leite
Um dos estudiosos que ajudou a identificar a segregação social disparada nas metrópoles a partir dos anos 90 faleceu neste sábado. O geógrafo Neil Smith, nascido na Escócia, era professor de Antropologia e Geografia na City University of New York. Referência para pesquisadores e relacionado com grupos que lutam pelo direito à cidade, focou seus estudos em como as lógicas de mercado influenciam nos espaços urbanos. Sua morte, com 58 anos, é uma grande perda para os estudos da questão urbana 
Foi Smith quem cunhou o termo gentrificação bastante utilizado por urbanistas para explicar a realidade das cidades brasileiras. O conceito descreve os processos neoliberais de segregação da população de uma área por conta da especulação imobiliária, nas grandes cidades. Embora comum entre intelectuais, a palavra diz muito pouco em português. É uma importação primária da língua inglesa: “gentry” refere-se à pequena aristocracia ou burguesia — gentrification seria, então, o processo de aburguesamento de uma região.