quinta-feira, 28 de outubro de 2010

ANGÚSTIA

Nas calçadas repletas de gente o isolamento.
Nesta noite a analogia do negrume
cobre os miolos e o ego.

Há pouco colocava Ketchup
e mostarda no cachorro quente,
tomava coca-cola.

Subidamente as mãos ficaram úmidas
debruçadas nos teus cabelos distantes,
desfalecendo no vazio
no silêncio precipitado que corrói: a cabeça, as artérias,
o estomago.

No reflexo somente a consciência
unia o chão a matéria.
Despia a alma duvidosa.
incendiando a inquisição...
Mostrando este poema louco,
vertiginoso,
sem sons,
atritante nos ossos.

Dissolvia o tempo para o último encontro,
apontando todos os fortíssimos erros;
impondo segundo a segundo
com golpes fundos
o prenúncio da derrota,
o mistério de chorar.
Vicente de Percia
- “Brasil da Silva: Mistério de Chorar, Edit/ Achiamé, Rio de Janeiro, 1ª edição 1982