quinta-feira, 4 de abril de 2013

"FUGAZ OUTONO" POEMA DE VICENTE DE PERCIA


FUGAZ OUTONO
Lentas folhas de outono
caem no solo
e cavam buracos na minha imaginação.

Com os pés
piso nas cores esmaecidas
que o tempo marcou.

E assim sou seguido
por um bando de formas diferentes
que tocam meu corpo.

Assisto à nítida deterioração
da matéria com tranquilidade.
Não é sonho,
apenas está acontecendo
alguma coisa que marca me.

Uma sensação de frescor,
aragem tocada pelo vento contínuo,
nessa estação de moderação,
 luz, sombra, frio e calor.

A ilusão se perpetua
 por acordes de instrumentos.
Músicas que se evaporam
em travessias anônimas
e arrastam/ sentimentos.

Uma sensação de medo
e tranqüilidade transpassa o meu corpo
num compasso reinventado
por instrumentos que brotam da terra
- terá o sonho acabado?

Arrepio-me com o murchar
das copas das árvores,
com a ausência das flores,
com o canto dos pássaros
que desprezam as desesperanças.

De repente reconheço,
entre as coisas ao meu redor,
os caminhos que percorri sozinho.
 Eles são círios de luz,
que exalam a saudade.