terça-feira, 28 de junho de 2011

VICENTE DE PERCIA RECOMENDA

Desde século XVI, EUA e Inglaterra desenvolvem, com êxito, estratégias interessadas em “dominar o mundo”. Mas para onde expandi-lo, agora?


“Venho hoje reafirmar uma das mais antigas,
uma das mais fortes alianças que o mundo já viu.
Há muito é dito que os Estados Unidos e a Grã Bretanha
compartilham de uma relação especial”
Barack Obama: “Discurso no Parlamento Britânico”, em 25/5/ 2011

Por José Luís Fiori

Existe uma idéia generalizada de que a Geopolítica é uma “ciência alemã”, quando na verdade ela não é nem uma ciência, nem muito menos alemã. Ao contrário da Geografia Política, que é uma disciplina que estuda as relações entre o espaço e a organização dos estados, a Geopolítica é um conhecimento estratégico e normativo que avalia e redesenha a própria geografia, a partir de algum projeto de poder específico, defensivo ou expansivo. O “Oriente Médio”, por exemplo, não é um fenomeno geográfico, é uma região criada e definida pela política externa inglesa do século XIX, assim como o “Grande Médio Oriente”, é um sub produto geográfico da “guerra global ao terrorismo”, do governo Bush, do início do século XXI. Por outro lado, a associação incorreta, da Geopolítica com a história da Alemanha, se deve a importância que as idéias de Friederich Ratzel (1844-1904) e Karl Haushofer (1869-1946) tiveram – direta ou indiretamente – no desenho estratégico dos desastrosos projetos expansionistas da Alemanha de Guilherme II (1888-1918) e de Adolf Hiltler (1933-1945). Apesar disto, as teorias destes dois geógrafos transcenderam sua origem alemã, e idéias costumam reaparecer nas discussões geopolíticas de países que compartilham o mesmo sentimento de cerco militar e inferioridade na hierarquia internacional. Mas a despeito disto, foi na Inglaterra e nos Estados Unidos que se formularam as teorias e estratégias geopolíticas mais bem sucedidas da história moderna.

Sir Walter Raleigh (1554-1618), conselheiro da Rainha Elizabeth I, definiu no fim do século XVI, o princípio geopolítico que orientou toda a estratégia naval da Inglaterra, até o século XIX. Segundo Raleigh, “quem tem o mar, tem o comércio do mundo, tem a riqueza do mundo; e quem tem a riqueza do mundo, tem o próprio mundo”. Muito mais tarde, quando a marinha Britânica já controlava quase todos os mares do mundo, o geógrafo inglês Halford Mackinder (1861-1947) formulou um novo princípio e uma nova teoria geopolítica, que marcaram a política externa inglesa do século XX. Segundo Mackinder, “quem controla o “coração do mundo” comanda a “ilha do mundo”, e quem controla a ilha do mundo comanda o mundo”. A “ilha do mundo seria o continente eurasiano, e o seu “coração” estaria situado – mais ou menos – entre o Mar Báltico e o Mar Negro, e entre Berlim e Moscou. Por isto, para Mackinder, a maior ameaça ao poder da Inglaterra seria que a Alemanha ou a Rússia conseguissem monopolizar o poder dentro do continente eurasiano. Uma idéia-força que moveu a Inglaterra nas duas Guerras Mundiais, e que levou Winston Churchill a propor – em 1946 — a criação da “Cortina de Ferro” que deu origem a Guerra Fria.

Do lado norte-americano, o formulador geopolítico mais importante da primeira metade do século XX, foi o Almirante Alfred Mahan (1840-1914), amigo e conselheiro do Presidente Theodor Roosevelt, desde antes da invenção da Guerra Hispano-Americano, no final do século XIX. A tese geopolítica fundamental de Mahan, sobre a “importância do poder naval na história”, não tem nenhuma originalidade. Repete Walter Raleigh, e reproduz a história da Marinha Britânica. E o mesmo acontece com as idéias de Nicholas Spykman (1893-1943), o geopolítico que mais influenciou a estratégia internacional dos EUA na segunda metade do século XX. Spykman desenvolve e muda um pouco a teoria de Mackinder, mas chega quase às mesmas conclusões e propostas estratégicas. Para conquistar e manter o poder mundial, depois da Segunda Guerra, Spykman recomenda que os EUA ocupem o “anel” que cerca a Rússia, do Báltico até a China, aliando-se com a Grã Bretanha e a França, na Europa, e com a China, na Ásia.

No cômputo final, o que diferencia a geopolítica anglo-americana é a sua pergunta fundamental: “que partes do mundo há que controlar, para dominar o mundo”. Ou seja, uma pergunta ofensiva e global, ao contrário dos países que se propõem apenas a conquista e o controle de “espaços vitais” regionais. Além disto, a Inglaterra e os EUA ganharam, e no início do século XXI, mantém sua aliança de ferro com o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia: derrotaram e cercaram a Rússia; mantém seu protetorado atômico sobre a Alemanha e o Japão; expandiram sua parceria e seu cerco preventivo da China; estão refazendo seu controle da África; e mantém a América Latina sob a supervisão da sua IVº Frota Naval. E acabam de reafirmar sua decisão de manter sua liderança geopolítica mundial.

Existe, entretanto, uma grande incógnita no horizonte geopolítico anglo-americano. Uma vez conquistado o poder global, é indispensável expandi-lo, para mantê-lo. Mas, para onde expandi-lo?


José Luís Fiori é professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, e autor do livro “O Poder Global”, da Editora Boitempo, 2007

domingo, 26 de junho de 2011

GLOBALIZAÇÃO. "O TABLÓIDE- PERCEPÇÃO VERSUS IMPOSIÇÃO'




O TABLÓIDE-PERCEPÇÃO VERSUS IMPOSIÇÃO







A revista de domingo possui muitas propagandas, a maioria das páginas mostram: cosméticos, moda, jóias, carros, eletrodomésticos, bancos etc... Todas com pouco texto e ótimas fotografias. Um artigo sobre museus se difere dos demais, porém há uma estratégia motivadora mostrando obra de Cindy Sherman (1989) em que se veste de uma madona renascentista. Assim, os conceitos de consenso de convergência em relação ao objetivo do caderno estão salvos. As produções de ordem em uma escala mundial seguem os objetivos a serem alcançados do ponto de vista comercial. É preciso, pois ter anunciantes, vender produtos e, como tal, o tablóide foi cunhado para atingir sua meta.



As ambições intelectuais contemporâneas não são tão exigentes elas surgem e desaparecem como meteoros. Há conceitos que afirmam que a globalização tem efeitos globais, porém até que ponto pode gerenciar bons efeitos globais nos desvencilhando de uma passividade permissiva.



A melhoria em escala global difere das condições de vida de cada um. Os efeitos globais da comunicação não são imprevisíveis; o mundo diferente é sempre melhor que o nosso. A imagem da globalização não desordena, apenas mostra somente a fatia que deve ser comida e para estabelecer as regras o público é o alvo. A formação e senso-crítico do Homem é que ditará o que deve ser plantado, o que é um desafio. Os resultados desta digestão não importam e tão pouco é um desafio.



Direcionar as matérias para uma única identidade é a meta imposta para permitir “novas oportunidades de vida para todos”. A ideia de globalização é calcada em um discurso atual que tem por base a eficiência e a deficiência cultural. Ter uma expectativa fora deste prisma é quebrar uma rede de informações onde a certeza é mais forte que a probabilidade. Como reconquistar uma nova identidade? Apoiada na capacidade em defender os territórios do conhecimento com embasamento? Revisitar obras de Claude Levis- Strauss, Lyotard, Marchel Duchamp, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa entre outros é uma excelente forma para compreender a diferença entre Percepção e Imposição.



Existe uma “fraqueza” permanente que reivindica os direitos em estabelecer uma ordenância para visualizar regras a respeito dos sinais da globalização. Tal postura quer queira ou não exige uma regularidade no qual um sistema existe, mesmo que preterindo, os modelos já consagrados são vistos, como é o caso da pós-modernidade, amplamente divulgada e que por incrível que pareça ainda desperta certo fascínio. Poucos buscam explicitar respostas plausíveis que mostrem as dificuldades dos agentes em convencer meritoriamente os alcances das rupturas na arte, assim como na sociedade como um todo apreendendo os novos significados que deveriam revelar propósitos e conseqüências sociais.



Este processo em busca de definição abre um abismo cada vez maior entre os que têm interesse em situar as ações humanas, pois elas são raízes e um observatório para compreendermos a dinâmica de um ciclo e a maneira sobre nossas percepções de tempo e espaço. É importantíssimo não só observar o mundo, mas ser observado. Indagar a interatividade das mensagens não basta, é preciso falar em uma nova elite que elege, entre elas estão às redes sociais e o seu manuseio. Já virou o refrão: “muitos observam poucos. Ao pouco que são observados são as celebridades”


Vicente de Percia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

ALFRED HITCHCOCK EM ALTA


Em cartaz, ampla retrospectiva sobre obra do mestre — que, embora sempre autoral e inovador, nunca desprezou sucesso de público



Por José Geraldo Couto A maior retrospectiva da obra de Alfred Hitchcock já realizada no país está em cartaz nos Centros Culturais do Banco do Brasil (CCBBs) de São Paulo (até 24 de julho) e do Rio (até 14 de julho). São 54 longas-metragens, três curtas e 127 episódios da série televisiva Hitchcock presents.



Desnecessário falar sobre a importância de Hitchcock, o homem que transformou o suspense em linguagem e levou ao seu ponto máximo as possibilidades da narrativa cinematográfica clássica, com sua capacidade de manipular o olhar e a emoção do espectador. Uma vasta bibliografia já se encarregou disso. Recomendo em especial três livros: o monumental Hitchcock/TruffautHitchcock, publicado pela primeira vez por Eric Rohmer e Claude Chabrol em 1957, e absurdamente nunca traduzido no Brasil; e o introdutório Alfred Hitchcock, o mestre do medo (Brasiliense, esgotado), de Inácio Araujo. (tradução de Rosa Freire d’Aguiar, Companhia das Letras), em que o mestre inglês fala exaustivamente de cada um de seus filmes ao admirador e discípulo francês;



O fracasso como erro



Chamo a atenção apenas para um aspecto que me parece central na figura do cineasta: ninguém conseguiu superar tão bem quanto ele a dicotomia que parece dilacerar o cinema desde seus primórdios, a saber, a dicotomia entre arte e indústria. Para Hitchcock, um filme seria tanto mais bem-sucedido artisticamente quanto mais êxito obtivesse na bilheteria. Para ele, a sentença não era arte x indústria, mas arte = indústria, o que, na boca de um outro cineasta (que dirá de um crítico) soaria como uma heresia mercenária.Falando sobre o eventual fracasso de algum de seus filmes, Hitchcock nunca culpava a incompreensão da plateia, a tacanhez do sistema, os problemas de distribuição ou qualquer outra coisa do tipo. Via-o como um erro seu: um ator mal escolhido para ser o vilão ou o herói, uma revelação da trama feita na hora errada, um truque ótico deficiente. Ou uma avaliação errônea sua sobre a psique de seu público.



Sucesso e invenção



Por exemplo: considerava que A tortura do silêncio tinha fracassado (relativamente) na bilheteria porque a idéia católica do segredo do confessionário era pouco compreensível para um espectador majoritariamente protestante. Pouco importava para ele que o filme fosse, segundo boa parte da crítica (e me incluo nessa linha), uma obra-prima. O fato de o grande público não se interessar era um sinal de fraqueza, de falha, de insuficiência.Se, por um lado, sua obra ajuda a solapar a desconfiança um tanto arrogante da crítica diante de tudo o que faz sucesso, ajuda também a jogar por terra a ideia de que, para atingir o público, é preciso abrir mão da ousadia e da invenção, repetindo fórmulas e formas já experimentadas (e transformadas em fôrmas). Poucos cineastas inventaram tanto, em termos de decupagem, enquadramento, movimentos de câmera. Poucos pensaram de maneira tão cinematográfica (vale dizer: tão distante do discurso literário e da impostação teatral).Por tudo isso, e pelo puro prazer que seus filmes proporcionam, sempre vale a pena voltar a Hitchcock.

sábado, 18 de junho de 2011

HISTÓRIAS ÍNTIMAS - LIVRO DE MARY DEL PRIOR

Dois meses após lançar" histórias íntimas"(Planeta) --livro que explica a evolução do erotismo no Brasil desde período colonial-- a historiadora Mary del Priore continua no topo da lista dos mais vendidos de não-ficção.

O feito, algo raro no tocante a livros sobre o passado do país, só costuma ser compartilhado por Laurentino Gomes (autor de 1808 e Eduardo Bueno (autor de " A Viagem do Descobrimento"), ambos escritores com um pé fora da academia.



Histórias Íntimasé o 29º livro de Mary del Priore. Desses, 25 seguiram padrões acadêmicos, da época em que estava vinculada ao quadro de docentes da USP. Doze anos atrás, ela se desligou da universidade."Saí estimulada pelos meus filhos, que me viam aborrecida. O sistema de pontuação das universidades públicas te aprisiona num rol de atividades retóricas e burocráticas. É a lógica do 'publish or perish' (publique ou pereça). Isso me neutralizava", diz.Hoje Mary mora em Petrópolis (RJ), de onde falou à Folha, por telefone:


Folha - Em "Histórias Íntimas" você fala que, no século 19, "não havia lugar do corpo feminino menos erótico do que os seios". O corpo da mulher se tornou mais desfrutável desde então?Mary del Priore - Sim, os seios ganharam importância quando a lingerie começou a se difundir, no século 20. Antes, a roupa íntima da mulher era uma sobreposição de saias compridas, repletas de botões e laços. Despir-se era complexo.A lingerie levou o olhar do homem para uma parte do corpo feminino até então vista como meramente funcional, chamadas de "aparelhos de lactação". Mas a grande moda dos seios veio mesmo na década de 1950, com o cinema americano, a Playboy e a Marilyn Monroe.


Como os avanços industriais contribuíram para a ampliação da sexualidade?


A abertura dos portos, em 1808, modificou os hábitos noturnos burgueses. Até o século 19, dormia-se em redes ou esteiras. As relações ocorriam nesses locais, o que as tornava breves. A partir de 1808, passaram a chegar camas e colchões da Europa. E o quarto do casal burguês passou a ser o que chamo de santuário da reprodução.



O sexo também ganhou muito, já no século 20, com a comercialização da pasta de dente, do desodorante, do sabão e de outros produtos de higiene. Eles tornaram o corpo mais limpo e, por consequência, explorável


.Você diz que, a partir dos anos 1960, a ideia do "direito do prazer" fabricou um efeito colateral: o sofrimento pela ausência do prazer. Ele é pior do que a contenção?
Ambos são nefastos. Nossa sociedade passou com muita rapidez da ditadura da contenção para a ditadura do gozo. Hoje, além de escolher os parceiros, as pessoas podem escolher o próprio sexo. Podem ser homem em um dia e mulher no outro. Mas esse excesso causa no homem uma insegurança muito grande.A mulher também está solitária, tanto que as manchetes de revistas femininas continuam ensinando formas de agradar aos homens. E, até os anos 1980, a preocupação das revistas era com o bem-estar da família. A palavra "orgasmo" nem aparecia no vocabulário do casamento.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

INTERNET


Relatório à Assembleia Geral aponta diversas formas de censura — do bloqueio de palavras-chaves a leis penais ultra-restritivas –, mas sustenta: sociedades estão driblando as restrições.


Por Gustavo Capdevilla

O alcance mundial da internet e sua capacidade de informar em tempo real e de mobilizar as populações gera medo entre governos e poderosos, afirmou Frank La Rue, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de Opinião e de Expressão. Esse medo levou ao aumento de restrições no uso da rede mundial, mediante a introdução de complexas tecnologias para bloquear os conteúdos, con

trolar e identificar ativistas e críticos, além da penalização de formas legítimas de expressão, afirmou o jurista guatemalteco.

La Rue, que, no dia 3, apresentou seu informe ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, mencionou as técnicas de filtragem de informação empregadas na China, mediante tecnologias que bloqueiam conteúdos com a menção de um só conceito, por exemplo, “direitos humanos”. O acesso aos conteúdos significa pluralidade e diversidade na recepção de informação pela internet e também em sua difusão pela rede mundial de computadores. Esse procedimento implica total ausência de censura, disse o especialista.

Essa fortaleza da internet e os levantes populares dos últimos meses no Oriente Médio e Norte da África, especialmente no Egito e na Tunísia, “atemoriza os políticos”, disse La Rue em entrevista coletiva. O relator afirmou que esses levantes não foram “revoluções da internet”, mas revoluções dos povos da Tunísia e do Egito que usaram a internet. Portanto, as mudanças de estilo de governo ou de desenvolvimento dependem das populações dos países, e também está claro que com a internet elas contaram com meios mais rápidos para denunciar as violações dos direitos humanos, para enfrentar a impunidade e para divulgar ao mundo em tempo real o que estava ocorrendo, acrescentou.

Em uma visita à Argélia, La Rue transmitiu aos governantes e especialistas sua convicção de que nos países da região não se pode ignorar o reconhecimento das aspirações da população jovem, que quer mais liberdade, maior participação e pretende ser ouvida. Os jovens também querem mais empregos. A região tem um nível de educação superior ao de ocupação e é muito frustrante para eles estudar e ficar de mãos vazias, disse o especialista. Por isso, este é o momento de ouvir os jovens e suas demandas, além de dar um espaço para se expressarem, ressaltou.

A internet se converteu em um instrumento crucial para favorecer os direitos humanos e facilitar a participação da cidadania e, em consequência, para transformar-se em um fundamento da construção e do fortalecimento da democracia, acrescentou La Rue. Ele também citou outra forma de censura: o uso do direito penal, como ocorre na Coreia do Sul, onde a legislação específica tipifica a difamação como crime com penas de até sete anos de prisão.

A função da internet como meio para o exercício do direito à livre expressão pode ser aperfeiçoada somente se o Estado aplicar políticas para promover o acesso universal a esse serviço, destacou o relator. Sem planos de ação, a internet se tornará um instrumento tecnológico acessível apenas para determinadas elites, o que perpetuará a brecha digital, alertou La Rue.

Esse desequilíbrio se reflete no índice de usuários do sistema, que chega a 71,6% nos países industrializados e cai até a 21,1% nos países em desenvolvimento. Esta disparidade é maior na África, onde há apenas 9,6 usuários para cada cem habitantes, segundo La Rue, que dedicará um estudo especial ao acesso à internet no informe que apresentará na próxima Assembleia Geral da ONU, reunida a partir de setembro.

Os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos em 2000 por um fórum mundial, se propõem a reduzir pela metade a proporção de pessoas que sofrem pobreza e fome (em relação a 1990), garantir educação primária universal, promover a igualdade de gênero e reduzir a mortalidade infantil e materna, entre outras metas, até 2015. La Rue recordou que também incluem um chamado no sentido de expandir os benefícios das novas tecnologias, especialmente as da informação e da comunicação.

Entre os projetos patrocinados pela ONU nessa área, figura o projeto “Um Computador por Aluno”, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). La Rue felicitou o Uruguai porque com a aplicação desse projeto, chamado Plano Ceibal e em vigor desde 2007, conseguiu distribuir computadores a toda sua população escolar. O relator da ONU mencionou o caso de Ruanda, que distribuiu entre sua população escolar infantil 56 mil computadores como parte de um plano que prevê a entrega de cem mil equipamentos.