domingo, 9 de setembro de 2012

ARTE E CONSUMO - CRÍTICA DE ARTE


Arte e Consumo

Artistas "contemporâneos" procuram utilizar-se com mais constância de uma estratégia estética voltada para métodos e instrumentos que as indústrias de serviços midiáticos oferecem.

Com esse direcionamento, a arte atrela-se a uma reprodução de formas e cores já existentes, com raras exceções. As tentativas realizadas nesse âmbito caracterizam e impõem uma estética não raro, hermética e subjetiva. A partir da década de 1980 tal conceito tornou-se um modismo "legitimado", tanto pelos aparatos da crítica, quanto pelo circuito da arte e do próprio artista. A globalização misturou abstrações "modernistas" e improvisações que apenas produzem contatos com a nova tecnologia vigente como o vídeoarte, entre outras realizações inventivas.

 O autêntico significado da tarefa artística é deixado de lado em decorrência da pretensão de que haja uma pratica relacional ou uma ideia consistente inserida nas obras que aderem a essa tática. A mercantilização do ato estético, inventivo, e criador no caso são notórios, já que  busca apenas uma apelo "espetacular”em que o dado inovador se subtrai ou, não completa seu objetivo.

Na realidade, as relações humanas deveriam estar inclusas no vetor de uma realização plástica com identidades e propostas que permitissem que o individual marcasse o estilo do produtor, do criador seja questionado no nível da existência humana e não dos modismos atrelados e subjugados ao consumo.

Há a intenção de que o público participe? Sim, este é o ponto crucial para que o modelo seja apreciado. Boa parte dessa nova produção volta-se à filmagem, fotografia, gravação, performace. Objetivamente, são discursos e conceitos cada vez mais presentes no cenário dos movimentos dinâmicos da criação.

Tanto no Brasil como em outros países,  os chamados "coletivos artísticos" incluem, principalmente, as estratégias de grupo e possuem um sistema operacional diferenciado ao apresentarem o "novo".

 Por vezes, esses discursos/conceitos tornam-se enfadonhos em demasia e afastam o criador da liberdade de vivenciar seu momento através de um mergulho individual inventivo onde o elemento dionisíaco se intercale com o apolíneo, bem de acordo com o pensamento de Nietzsche.


 De certa forma, as políticas sociais mantidas pelas instituições públicas e privadas, ora em vigor, contribuem para que o artista se submeta tais mecanismos impositivos e opte por segmentos criativos referentes à feitura da sua obra. Contudo, diante das injunções ele, nem sempre consegue plenamente desenvolver uma linguagem que monte estruturas para a formulação de  idéias inovadoras.

Nas últimas décadas, houve, entretanto  significativas insistências nas práticas artísticas. Os “novos mestres” optaram por essa postura, na intenção de irem de encontro a conceitos mais acadêmicos e a suportes artísticos tradicionais.

É válido, pois, ressaltar que as curadorias estão coligadas, às captações de recursos e que por isso, passam maior parte do seu tempo moldadas a essas estratégias evasivas. Deste modo não se encontram atentas às exposições de qualidade e conteúdo que tragam, verdadeiramente, um retorno formativo de conhecimento mais abrangente para as relações para as interlocuções do Homem com a Arte e com a dinâmica produtiva de seu tempo.
VICENTE DE PERCIA 
REVISTA: FORUM DEMOCRATICO, AGOSTO DE 2012 -