quinta-feira, 17 de março de 2011

EGITO:TEORIA DO CAOS À AMERICANA

Por Pepe Escobar, do Asia Times Tradução: Coletivo VilaVudu
Condoleeza, Condoleeza. Dê um visto para ele[Cantado, ouvido na Praça Tahrir, Cairo]
Quem esteja acreditando que a “transição pacífica” de Washington liderada pelo vice-presidente Omar Suleiman (vulgo Sheikh al-Tortura, como se ouve de manifestantes e ativistas dos direitos humanos) satisfará multidão egípcia acredita também que Adolf Hitler ou Joseph Stalin ter-se-iam safado com qualquer simples injeção de silicone.
A multidão no Egito é urbana e jovem e luta por pão, liberdade, democracia, internet, empregos e algum futuro decente, – e outras multidões por todo o mundo árabe, dois terços da população total, entendem perfeitamente o movimento dos egípcios.
Verdadeira “mudança em que se pode acreditar” (na versão egípcia) não significa apenas se livrar de um ditador que dura 30 anos, mas também do torturador-em-chefe, que até hoje sempre foi interlocutor-chave de Washington, Telavive e capitais europeias, e expoente de um regime apodrecido até o âmago, dependente da exploração sem piedade dos próprios cidadãos e receptador de ajuda que os EUA lhe oferece para implantar agendas a favor das quais virtualmente ninguém votaria no mundo árabe.
“Transição ordeira” pode também ser tomada como eufemismo chocante para “sentar no muro” – o que é muito diferente de exigir claramente qualquer democracia. A Casa Branca está convertida numa sucessão de pretzels brancos dedicados a tentar salvar o que reste do conceito. Mas fato é que, tanto quanto o Faraó Mubarak é escravo da política externa dos EUA, também o presidente Barack Obama está preso na arapuca de imperativos geopolíticos e vastíssimos interesses corporativos que não pode nem sonhar com incomodar.