quinta-feira, 26 de julho de 2012

RELATOS DE GUERNICA, 75 ANOS DEPOIS


Na cidade espanhola bombardeada por Hitler e Mussolini, um sobrevivente narra as horas da destruição — e fala sobre projeto para converter uma antiga fábrica de armas  em centro cultural
Por Amy Goodman, no Diário da Liberdade
Há 75 anos, a cidade basca de Guernica foi bombardeada e ficou reduzida a escombros. Esse ato brutal inspirou a um dos maiores artistas do mundo a realizar uma pintura para a qual dedicou três semanas de trabalho frenético. Em um óleo de 3,50X7,80 metros, “Guernica”, de Pablo Picasso, mostra de maneira crua os horrores da guerra, refletidos nos rostos das pessoas e dos animais. Não foi o pior ataque da Guerra Civil Espanhola; porém, converteu-se no mais famoso graças ao poder da arte. O impacto de milhares de bombas lançadas sobre Guernica, do fogo das metralhadoras disparadas das aeronaves contra os civis que tentavam fugir do inferno podem ser sentidos até hoje através dos sobreviventes que partilham com entusiasmo suas recordações e também nos jovens de Guernica, que lutam para forjar um futuro para sua cidade, algo distante de sua dolorosa história.
A Legião Condor da Luftwaffe (a Força Aérea Alemã durante a Alemanha nazista) realizou o bombardeio a pedido do General Francisco Franco, que encabeçava uma rebelião militar contra o governo democraticamente eleito da Espanha. Franco procurou a ajuda de Adolf Hitler e de Benito Mussolini, que estavam muito entusiasmados em pôr em prática as modernas técnicas de guerra contra os indefesos cidadãos espanhóis. O ataque contra Guernica foi a primeira vez na história europeia que uma cidade civil foi completamente destruída por um bombardeio aéreo. Apesar de que as casas e as lojas foram destruídas, várias fábricas de armas, uma ponte de importância-chave e as linhas férreas ficaram intactas.
Ativo e lúcido aos 89 anos de idade, Luis Iriondo Aurtenetxea sentou-se junto a mim no escritório da organização Gernika Gogoratuz, que, em basco, significa “Recordar a Guernica”. O basco é um idioma antigo e um elemento fundamental da férrea independência do povo basco, que vive há milhares de anos na região fronteiriça entre a Espanha e a França.