sábado, 13 de fevereiro de 2016

A Arte Circense Nas Artes

                                         Marc Chagall - The Circus  - 1964 – óleo sobre tela


 Vicente de Percia - Editado "O Correio"

O sentido da liberdade habita o universo circense e nele as diversidades de cidadanias se juntam num único propósito: legar uma atmosfera de mágico lirismo, de domínio e manuseio do corpo, acrescentando sempre algo mais às possibilidades do Homem sob a fascinante lona daquele circulo onde as classes sociais  se confraternizam.

Na antiguidade, os leões dominavam os espetáculos romanos, e na Idade  Média eram os saltimbancos romanos, com cantores, mímicos e acrobatas. Em 1770, o inglês Philip Astley, num picadeiro com cavalos, descobriu que organizar  um show de variedades atrairia mais público. Surgiram, então, trapézios, contorcionistas, ilusionistas e o lado cênico como intervalo de animação.

No Brasil, visitantes de alto nível como Tihany (mágico húngaro fundador do circo que leva seu nome) e os Olimecha (Japão) tornaram-se inspiração a escritores. Cativou Mario de Andrade (“Monólogo dum elefante do Circo Sarrasani”; Lúcio Cardoso (“Poemas do circo”); Cassiano Ricardo (“ O chapéu mágico”), Guimarães Rosa (“O palhaço da boca verde”) e tantos mais, inclusive Viriato Corêia com (“ a sombra dos laranjais”), transformado depois em novela de TV.

Do Picadeiro Para As Telas.

As artes plásticas marcaram presença com telas em que o próprio circo intitulava os quadros, a exemplo Portinari, com um óleo sobre tela, de 1993; Lasar Segall, com guache sobre papelão, também em 1933; Cicero Dias, com uma aquarela sobre papelão, 1929, e Djanira, em 1955,com guache. “Também “Guinard com “O domador”, óleo sobre tela, parte da coleção de Gilberto Chateaubriand; Teruz Com” Picadeiro” de 1971, óleo sobre tela, Fernand Leger, Pablo Picasso, Toulouse Lautrec e muitos outros  enriqueceram esta fecunda temática.

Palhaços brasileiros de porte de Piolim, Carequinha, e Arrelia influenciaram atores e comunicadores, entre eles Chacrinha e Renato Aragão. Charles Chaplin é sem dúvida uma referência para a arte circense onde um chamamento incontido toma conta de todos, trazendo à tona elementos existenciais num misto de riso e dor. Exercendo, em geral, grande prazer sobre o artista, o circo, desde o mais simples até o monumental, é sempre uma notícia de chegada e surpresa, e faz a todos sonhar.