quarta-feira, 26 de agosto de 2015

PER JOHN ESCRITOR BRASILEIRO - OBRA VISTA PELA HISTORIADORA MARY DEL PRIORE

Per Johns: um ficcionista de todas as estações.


Existem casos excepcionais em que paisagem e homem se imbricam. Esse é um deles. O homem, no caso é o poeta, ficcionista, tradutor e ensaísta, Per Johns. A paisagem, a da serra teresopolitana. Cercado de velhas árvores, da silhueta das montanhas, do cheiro da terra molhada, de luares que palpitam como borboletas brancas, de cães quase humanos, dos pássaros cuja linguagem ele fala, o escritor vive, entre angústia e prazer, o que chama de obsessão: “ a mim me parece, que escrever é antes de tudo uma estranha obsessão, obsessão de ver, mas trata-se, no caso, de ver por dentro e não por fora”.
Homem de duas culturas, a brasileira e a dinamarquesa, bilíngue, formado em Direito, Per Johns é autor de seis romances, de um livro de ensaios, de diversas publicações no exterior, em dinamarquês, italiano e norueguês, além de ter  escrito diversos prefácios e posfácios. Tradutor celebrado dos contos de Hans Christian Andersen, e de obras de Karen Blixen, Ingmar Bergman e Henrik Stangeroup, teve seus romances As aves de Cassandra e Sonâmbulos, Amotinados, Predadores, publicados na Dinamarca. Membro do P.E.N Club do Brasil, em 2006 recebeu o prêmio de Ensaio, Crítica e História Literária da Academia Brasileira de Letras por seu livro Dionísio Crucificado, além de colaborar como crítico literário, na Europa e no Brasil em vários jornais entre os quais O Estado de São Paulo e O Globo.
Sua trilogia constituída por As aves de Cassandra, Cemitérios marinhos às vezes são festivos e Navegante de opereta, aplaudida pela crítica, é um jogo de espelhos com sua autobiografia e uma meditação sobre a identidade, que convida o leitor a apreciar a evolução dos temas de predileção do escritor.
E onde, a paisagem imbricada no homem? Em toda a sua obra. Há muito, o escritor vive entre a natureza e o mundo. Ali, ele dobra e redobra sua alma. Graças a mediação de sua escritura, ele celebra a vida, as paixões, os encontros, mas, também, os mistérios místicos e metafísicos que só tomam corpo no mundo natural. E a partir dele, Johns descreve um tempo desestabilizado pelo encontro com a modernidade e suas vicissitudes. Desse cenário nascem personagens que tentam se libertar de seu destino e encontrar certas verdades neles mesmos. Indivíduos que conhecem a solidão e o desespero junto aos homens, mas seguem buscando a ternura e a delicadeza, longe deles.  Em Dionísio Crucificado, um desses protagonistas, um cientista sueco diz:
Será que é tão inconcebivelmente difícil de aceitar um estilo de vida consideravelmente mais simples, em estreito contato com o solo e a floresta, as semeaduras e as colheitas, sob o sol e sob a chuva, em um programa industrial bastante reduzido?”
Espécie de Henri David Thoreau tropical, sentindo-se exilado em sua própria pátria, Johns faz seu protagonista se desvencilhar de hábitos e bens supérfluos e viver, com um mínimo necessário, numa palhoça à beira mar. Não o lago Walden, mas, sim, a vida nos bosques. Longe da auto-emulação dos grandes centros, da Babel em que o excesso de falas, conversas, gritos e ruídos querem nos fazer acreditar que, de fato, conseguimos nos comunicar, Johns busca na natureza, o silêncio deste espaço infinito do dentro. Espaço do eu. Espaço onde ele se acha no face a face, doloroso e complexo, no qual se pergunta: quem sou? Onde vou? Silêncio que lhe convida a experiências meditativas ou contemplativas que o conduzem para a terra prometida onde o corpo deve se calar para não conspurcar a alma. Johns não teria saudades daquele momento do Gênesis em que Deus ainda não havia criado o homem e a mulher?
Em sua torre-biblioteca construída voltada para a floresta, ele preza o silêncio. Ele o escuta e lhe dá um sentido para que se pareça com uma forma de linguagem ou de visão. De novo, em Dionísio Crucificado, e inspirado no esquecido filósofo brasileiro Vicente Ferreira da Silva, Johns diz: Nesse mundo midiático de mensagens que se superpõem, se aglutinam e se anulam (…) triturando-nos na sopa geral que nos alimenta e consome”.
Ele ouve o silêncio e o dá a ver o mundo.  Viver é saber ver. E enxergar o dentro e o fora, mas, não sem dor. No fundo, Johns sabe que contar e escrever, ou melhor, a sua “obsessão”, mais do que servir como remédio às dores, conserva as chagas vivas. E para completar, em conferencia no PEN Club do Brasil, expõe:
Melhor ainda, todavia, é não fazer nada, absolutamente nada, apenas ver a vida que passa com um olhar atento, embora não seja tão fácil como aparenta ser. É um talento com o qual se nasce. Não se aprende na escola. Tem gente que não sabe ver, ou, por outra, olha, mas não vê. Em todo caso não é automático, sobretudo se o ato de ver se fizer acompanhar adicionalmente do que se pode chamar de empatia, ou seja, da capacidade de se pôr na pele do que é visto, sentindo junto, em uníssono, não separadamente”.
Tal vidência e sua consequente empatia, nasce da possibilidade de, frente ao mundo, manter desejo e angústia como brasa adormecida. Brasa que se assopra, quando preciso, para voltar ainda mais forte.   
Novamente, de sua torre-biblioteca, mergulhado na concentração e na leitura, o escritor vê as margens. Não somente as que separam os dois Reinos, o animal e o vegetal, mas aquela que separa as identidades. O homem do Norte, daquele do Sul. As cores dos territórios gelados da Dinamarca, à palheta quente dos trópicos. A severidade nórdica e a malemolência brasileira. Duas culturas, duas raízes.  A conversa poderosa e direta com a palavra distante ou as próximas, o jogo de luzes recebidas e enviadas, tudo isso explode em Hotéis à beira da noite, romance mais recente publicado em 2010.
Nas palavras bem-ditas de seu editor, trata-se de “Uma lenta e tortuosa peregrinação aos confins da ancestralidade de si mesmo. Uma viagem rumo à medula extrema do ser, com escalas que se fazem não necessariamente em nenhum porto, mas em antigos e sombrios hotéis situados à beira da noite do esquecimento. Sempre em direção ao norte de suas origens, o narrador ambíguo dessa estranha travessia – um que transita à superfície do cotidiano, outro que emerge das profundezas – desfaz-se do nome, da nacionalidade, dos bens, dos impostos e contratos e, como o dinheiro que traz consigo, não tem pátria, mas apenas “o dom da leveza, da viagem, do nada que compra tudo”. Ao longo das páginas deste romance insólito e perturbador, Per Johns é quase como Sísifo em busca de uma identidade que lhe escapa e se esfarinha nas escarpas de sua ascensão e queda. Numa época e numa sociedade que só privilegiam o acúmulo de quinquilharias e inutilidades tecnológicas, a personagem nuclear de Hotéis à beira da noite se despe de tudo o que não seja ela mesma. E bem caberia a este romance único em nossa literatura aquele lema de Leonardo da Vinci: ostinato rigore. Rigor na escrita, na trama ficcional, nos diálogos e solilóquios, na concepção dualística e antagônica da personagem que nos conduz pelos labirintos da narrativa, na prosa exemplar que se move, fugidia, entre o poético e o filosófico”.
Em suas poesias, reunidas ao final do volume, verdadeiras canções entoadas num deserto, o leitor encontra um palimpsesto literário e humano que comove pela melancolia. Num excerto de A resposta de Deus, por exemplo, ele há de ouvir:
Se me sentisse irmão de meus iguais e desiguais, onde acharia meu inimigo?
Se o que buscasse estivesse onde estou, onde procuraria o que não sou?
Se o mundo estivesse pronto, irremediavelmente bem feito, que estímulo haveria para inventar, modificar, melhorar? E o que é pior (ou melhor para tartarugas e morcegos): o que seria de meu engenho?
Que Deus me perdoe, mas a vida perderia a graça, deixando-me uma única alternativa:
Desistir de viver.
Um grande escritor deve suscitar um sentimento de incompletude. Ele deve nos incitar a perguntar: o que esse livro significa para mim?  Johns é deles. Em seus livros ele nos oferece o aprisionamento na infinidade dos sentidos. Aprisionamento que é também libertação. Vamos escutá-lo:
Contumaz criatura. Por todos os meios tentei salvá-la de suas próprias artimanhas. Dei-lhe um olhar luminoso e a faculdade de perceber-se e perceber o mundo. Ao mesmo tempo em que vive, paira sobre a vida. Excedi-me talvez ao conceder-lhe também o arbítrio de escolher entre ser espelho de meu Opus perfeito ou motor de um mundo pior.
Aparentemente, foi demais. Desnorteada, a criatura preferiu encerrar-se ensimesmada na construção de uma obra exclusivamente humana, de onde expulsou o resto da criação. E em que consiste essa obra? Em inventar labirintos escuros e imitar-me, mas suas criações não passam de caricaturas”.
Contra a insensibilidade e as inquietações contemporâneas, Johns que gosta das “iluminações orientais” nos faz pensar nos poetas da dinastia Tang que ensinam, sem cessar, que na vida pública todos os esforços são essencialmente absurdos. É preciso, ao contrário, passar o maior tempo possível no mundo natural. Certa melancolia indignada, o humor leve, o amor indestrutível da vida, uma inspiração e meditação que abole as fronteiras entre os Reinos, a sabedoria sobre os segredos da alma, os assombramentos metafísicos marcam os caminhos deste criador de voz única e inimitável, capaz de desenhar, em nossas Letras, as paisagens novas da alma.

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Mary del Priore

sábado, 8 de agosto de 2015

FRIA CONQUISTA



 Entre o mar e a terra
                                     os sóis e os planetas
                                                                            o Homem e o infinito,
existe sempre uma pergunta
que oscila em nossas mentes.

Firmando em nós
a absorvição do oxigênio pelas narinas
e a diluição dos pensamentos
na atmosfera impura.

Arrastamo-nos na ânsia causada
Pelo encalço da nova mensagem teleguiada
que nossa mente captou.

E aquiescemos inconscientemente
                                                         tão certos que estamos
                                                                               do prazer obtido.

Sobre as mais simples ramagens
que outrora desprezávamos
na volúpia do progresso,
existia o vigor da vida.
Que se refletia em sombras naturais
                                                              onde nossos corpos dormiam.
A leva da vida inquieta,
traz o conforto intranquilo,
ditado por normas comprovadas
que tolhem o despir dos pés.

Sobre as mais simples ramagens,
tão esquecidas,
tão imitadas em nossos dias,
há o relax inconsciente no móvel esperado,
                                           antevendo a fria conquista.
                                                                            Vicente de Percia
Do livro " Brasil da Silva, Mistério de Chorrar", edit/ Achiamé, RJ.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

MOSTRA INDAGATÓRIA E QUESTIONADORA


Em um dos principais paredes do edifício da Universidade Nacional Sindu pendurado uma série de fotos em preto, que, ao menor pincel com qualquer outro material, começam a desaparecer e branco. São imagens de a notícia mais importante nos últimos meses que o artista Juan Mejia Cali pintados com tinta removível. Eles não usam nome ou explicação, mas alguns são fáceis de identificar. Entre elas está a famosa cena em que o jornalista americano James Foley ajoelhado no meio do deserto com jihadi John trás, vestido de preto brandindo uma faca aparece. O trabalho de Mejia é intitulado Pentimento e quer que o visitante a refletir sobre dois fenômenos: 1) A notícia é fugaz; 2) que ao longo do tempo, o contexto em que surgiram está desaparecendo e acabam imagens como individuais que podem ser interpretadas de várias maneiras. 


Pentimento faz parte da Exposição Regional XV de Artistas direito Efémero Museum Center esquecimento, que será aberto ao público em vários edifícios da Universidade Nacional de 05 de agosto. A exposição, como o próprio nome indica gira em torno do conceito de esquecimento eo que isso implica. Revivendo o município rural de cozinha Oicata Branco Ocasião, exemplo -para usa fotografias para lembrar lugares e tradições estão sendo perdidos, enquanto que este é o meu caminho, Miguel Canal, mostra através de imagens deteriorado por fungos que até fotos e filmes têm uma data de validade. 
Os curadores, Maria Soledad Garcia e Cristina Lleras, queria mostrar um edifício do museu de memória diferente, mas não esquecido. Por isso, funciona como Pentimento e Histórias Luz Angela Lizarazo Garden, um desenho gigante com as sementes que serão expostos na praça de pós-graduação ciência edifício Humanas- vai desaparecer ao longo da exposição. Mas a proposta curatorial não é deixado sozinho sobre o assunto. 

sociedade si -explican tende a associar a verdade com a memória. Mas vários estudos científicos têm demonstrado que a relação entre os dois não é tão simples como se poderia pensar. As pessoas tendem a lembrar um evento diferente e a memória deste está mudando ao longo do tempo. Em 2000, o cientista austríaco Eric Kander ganhou o Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas no campo da neurobiologia mostrou que entre outras coisas que a memória envolve esquecimento. Em outras palavras, é fisicamente impossível fazer lembrar absolutamente tudo e também desempenha um papel importante na perspectiva do passado. 

Esses fenômenos aparecem uma forma ou de outra nos trabalhos da exposição. Taming rinocerontes, Oscar Ayala, se apossar de um pequeno rinoceronte estranhamente pintados no teto do Museu Casa del Escribano Real Juan de Vargas, para discutir o património cultural de Tunja e como a comunidade foi se apropriar. O desenho deste animal exótico levantou todos os tipos de histórias. Acredita-se que veio graças a uma gravura do artista alemão Albrecht Dürer, que começou a circular no século XVI, mas ninguém sabe ao certo a sua origem. 

Através de placas cheias de palavras pomposas que não dizem muito, imperfeito Juan David Laserna convida os visitantes a refletir sobre como os eventos históricos e seus protagonistas importantes são lembrados. As placas nem sempre dizem o que realmente aconteceu e ao longo do tempo tendem a perder o impacto que tiveram uma vez na sociedade. O trabalho do Laserna pode muito bem passar por originais. A mentira é revelada somente quando ler. 
E por falar em eventos históricos em Dois mais dois é igual a cinco Monica Paez recorda uma ocorrência que raramente é discutido e, embora descrita como "o grande roubo do século na Colômbia" na época. Em Outubro de 1994, um grupo de ladrões entrou nos cofres do Banco da República em Valledupar e levou 24.072.000 pesos. Pelo tamanho do assalto a banco que ele tinha que remover da circulação 2.000 ingressos, 5.000 e 10.000. Paez fez um monte antigas notas dessas denominações, mas já não têm qualquer valor monetário, no segundo andar da Faculdade de Direito e Ciências Políticas tornar-se obra de arte. 
A exposição é bastante diversificada. Nenhuma fotografia, desenho, vídeo, áudio e animação, entre outros, e é projetado para que cada visitante escolher o seu próprio caminho. Em um país onde a moda é tão longe o conceito de memória, vale a pena ir para este museu do esquecimento para refletir sobre suas implicações, seus limites e sua relação com a verdade.

GRANDE MOSTRA

Um dos maiores pintores orientalistas italianos, Ippolito Caffi, que também era patriota Risorgimento e acérrimo defensor da liberdade de Itália, e Maximiliano de Habsburgo, o primeiro governador da Lombardia e Veneto, em seguida, almirante da marinha austríaca, foram unidos por sua paixão e documentação Viagem Caffi localizado na jornada uma fonte constante de inspiração, entusiasmo e conhecimento;e pintura descritivo de lugares e eventos - tanto realistas e precisos como imaginativo e visionário - a verdadeira alma de sua arte; Massimiliano documentando tudo em Diário da escrita, onde fixa suas emoções.
Miramare Castle
Afinidades Eletivas agora chamado de volta para o Museu Histórico de Castelo de Miramare em Trieste, onde até 08 de dezembro e apresenta a exposição "Ippolito Caffi. Pinturas viajar entre Itália e do Oriente ", editado por Annalisa Scarpa. No edifício branco com vista para o promontório Trieste - onde Massimiliano iria manter a pintura comissão apenas Caffi, em 1857, para capturar o festival da noite em Veneza no dia após o casamento com Charlotte da Bélgica - mais de quarenta pinturas dos acervos da Fundação Civic Museum Veneza, durante muitos anos não expostas e parcialmente restaurado para a ocasião, irá reviver a viagem e sonhos, as invenções brilhantes e da arte cênica do pintor de Belluno.

Crimes de Stalin e Lenin

Morto historiador Robert Conquest 
Ele denunciou os crimes de Stalin e Lenin

Comunista na sua juventude, no livro "O Grande Terror", de 1968 disse aos trinta trágicos URSS: os ensaios dos espetáculos e expurgos, o Gulag e a fome induzida por Stalin