sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

MOSTRA DE REDE DE DORMIR - BRASIL

  •  No Balanço da Rede traz cinquenta modelos. O panorama apresenta desde versões mais primitivas, de origem indígena, como a hamaka, tramada em fibras de tucum, buriti ou carnaúba, até peças mais sofisticadas e contemporâneas, com varandas de crochê ou bordadas. Na exposição, com cenografia de Guilherme Isnard, o artefato aparece entre plantas e objetos de arte popular, a exemplo de esculturas assinadas pelos artistas Resendio e Roberto de Almeida.

     
  • Segundo Camara Cascudo
  • Afirma não haver registro antigo da rede fora da América. O português haveria levado a rede para a Índia e para a África.
  • Não sabe precisar porque a rede surgiu na América e não na África, apesar das semelhantes condições ambientais. Aponta os deslocamentos migratórios dos povos americanos como possível fator para a invenção da rede. "A presença de todos os fatores estabelece a invenção numa e não noutra paragem, possuidora de igualíssimo ambiente ecológico. E ninguém pode fixar o movimento inicial que redundou num conhecimento "novo" e sua aplicação subseqüente, distinções que Ralph Linton fazia entre "descoberta" e "invenção" (p.63).
  • A origem da rede também não é clara e Cascudo discute a possível influência das redes de pescar e de capturar pássaros.
  • Registra o costume de se dormir ao lado de uma fogueira e afirma o significado do fogo, um aliado divino que além de proporcionar calor e vigilância era também um elemento defensivo de alto poder mágico.
  • Lista os materiais usados na fabricação das redes: cipós, tecidos de palmeiras e por fim o algodão. Registra um pequeno vocabulário do uso da rede na língua nhengatu e atesta a veracidade da informação com a seguinte frase: "São depoimentos com meio século de convivência local"

  • Caixa Cultural — Galeria 3. Avenida Almirante Barroso, 25, Centro, ☎ 3980 -3815,  Carioca. Terça a domingo, 10h às 21h. Grátis. Até 23 de fevereiro. A partir de terça (14). 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

POEMA-TIUBILHÃO


Publicada recentemente no Brasil, obra expõe desejo de superar capitalismo também na forma poética, apaixonadamente, recusando reduções e utilitarismos do “realismo socialista”

Vladimir Ilitch Lenin
Poema de Vladimir MaiakovskiTradução de Zoia Prestes
234 páginas, R$ 80,00Editora Anita Garibaldi

Há cerca de um ano foi publicado pela primeira vez no Brasil o longo poema Vladimir Ilitch Lenini, do grande poeta Vladimir Maiakovski, em boa tradução de Zoia Prestes, feita diretamente do russo. Como de hábito quando se trata de textos de alta complexidade estética, a recepção na imprensa conservadora foi apressada e pautada em velhos clichês. Basta que se faça uma breve incursão por essas leituras simplificadoras para que o leitor encontre nos críticos uma ânsia por classificar o longo poema entre as fronteiras do modelo burguês de apreciação literária, ou seja: considerando-o “didático”, “homenagem” e, é claro, “engajado”. Parece claro que a maioria dos críticos que emprega esses termos ao ler o longo poema de Maiakovski não só rebaixa a amplitude político-estética do texto, urdido no difícil tumulto do tempo revolucionário, como também aproveita para destilar certo veneno cujo fim é discretamente infamar tanto o autor quanto o seu herói. Já passa da hora de superar esse tipo de leitura e saudar esta bela publicação que, um século depois, começa a finalmente apresentar de forma legítima o poeta Maiakovski ao público brasileiro, que o conhecia de traduções de segunda mão ou que arbitrariamente criavam uma fantasmagoria maiakoviskiana, capaz de atender especialmente a outros interesses em jogo no nosso sistema literário.
Como o próprio título deixa claro, o poema é um longo canto poético-político, em que a figura central é Lenin (1870-1924), o grande estrategista e líder político da Rússia revolucionária do início do século XX. Todavia, o vigor, a atualidade e o interesse do texto não se encontram na reconstituição de passagens da sua vida. É claro que Lenin é o herói do poema, mas isso é muito diferente de se dizer que a obra de Maiakovski funciona apenas como uma espécie de biografia, registro histórico ou louvação do protagonista no processo revolucionário que ainda estava em curso quando da sua morte. Os fatos da Revolução não aparecem no poema apenas como documento, mas conformados em uma narrativa de contradições graves da história do movimento anticapitalista, as quais, por sua vez, exibem-se e agitam-se no anseio de uma forma que lhes transfigure esteticamente e lhes dê alguma inteligibilidade realista. Para começar, portanto, uma abordagem crítica que se pretenda à altura da complexidade desse poema, é preciso assumi-lo primeiramente como forma poética que problematiza o lugar da arte, sua função e suas formas num mundo que estava tendencialmente voltado para a superação das estruturas burguesas, seja no que se refere ao que é econômico e político, seja no que se refere ao que é estético, ético, sensorial e moral. O poema poderá, nesses termos, ser tomado como uma grande questão poética/ontológica e também como o ensaio de sua resposta. Que lugar e que forma tem/teria a arte num mundo pós-capitalista? Essa é a força de Vladimir Ilitch Lenin, a qual é preciso saber observar para julgar razoavelmente a sua eficácia estética.
Primeiramente deve-se lembrar o altíssimo grau de consciência exibido por Maiakovski acerca dos limites e potencialidades do ato literário em um contexto de intensa agitação histórica. Os problemas da expressão estética no poeta russo sempre tiveram a amplitude da possibilidade de superação do sistema capitalista, ou seja, a forma poética deveria intuir (talvez descobrir?) a nova língua literária que seria capaz de traduzir o novo mundo imaginado pelas utopias e pelas ações políticas. No poema de que tratamos aqui, a dialética transfiguradora essencial do texto reside na tensão entre a imagem histórica de Lenin e a de um vigoroso narrador sentimental, o próprio Maiakovski. Sendo assim, mais do que personagem histórico, este Lenin do poema é um problema estético-político encarado radicalmente pelo seu narrador. Como nos lembra Leandro Konderii: “Maiakovski sabia que o artista revolucionário deve corresponder a uma exigência social, decorrente do seu compromisso com as forças propulsoras do progresso. Mas sabia, também, que a exigência social não coincide, necessariamente, com as exigências práticas que são formuladas em nome dela”. Noutras palavras, Maiakovski não apenas possuía os meios técnicos para reformular a expressão literária conferindo-lhe lastro revolucionário, mas também um sagaz e inquieto vigor ideológico, que possibilitava a ele forçar as fronteiras canônicas da instituição literária, nos termos que lhe foram atribuídos pela sociedade burguesa em seu movimento de apropriação deste bem universal. Com Maiakoviski vê-se, pela primeira vez e radicalmente, o horizonte de superação da arte na sociedade de classes capitalista.
Um elemento determinante da arte poética de Maiakovski (diga-se de passagem, nem sempre bem visto por críticos marxistas de diversos matizes) está na centralidade expressiva do seu conhecido “pathos de exaltação sentimental”, da sua “passionalidade”. Pathos este que é exemplarmente configurado nos seus já famosos versos “A anatomia comigo ficou louca / sou todo coração”. Pois bem: tal “passionalidade” é um grande filtro ético/estético, que põe o poeta em salvaguarda de uma construção ideológica imediatizada ou instrumentalizada. Tudo em Maiakovski, portanto, sofre uma mediação dialeticamente meditativa e passional. Tal meditação poética não se resolve pela razão instrumental: nem burguesa, nem pseudo-revolucionária. Sua meditação se resolve no íntimo do “coração”, de um pathos poético que é capaz de traduzir o mundo sentindo-o como pessoa comum.
Esse movimento de estruturação passional da poesia maiakovskiana é fundamental, como já dissemos, para a configuração inusitada do longo poema Vladimir Ilitch Lenin. Com ela, Maiakovski apresenta uma concepção poética bastante distinta daquilo que foi, por exemplo, o âmago do pensamento de André Zdanov, que, como um dos principais ideólogos de Stalin, sancionou, pela via do espírito de partido, uma visão reducionista, imediatista e utilitarista da literatura em particular e da arte em geral no contexto revolucionário. Em fim de contas, tratava-se, tanto em Maiakovski quanto em Zdanov de encontrar meios de superação das categorias fundamentais da expressão artística sob a égide do sistema capitalista, tais como o “formalismo”, a “gratuidade”, o “subjetivismo”, a “tibieza ideológica”. Se no caso do zdanovismo objetivava-se negar essas categorias como defeitos que não deveriam estar presentes na pretensa arte revolucionária, no caso de Maiakovski, tratava-se de tensionar ao máximo as contradições dessas e de algumas outras das mais consagradas categorias da arte literária construída ao longo de anos de sedimentação da cultura ocidental. Ou seja, para Maiakovski certamente a arte de todos os tempos era um patrimônio que precisava ser revolucionado, não uma fortaleza pertencente à burguesia e que, portanto, deveria ser destruída. Maiakovski nunca foi um pensador, crítico ou filósofo de grande estofo, mas é forçoso reconhecer que o princípio da “passionalidade” que guia suas obras fez com que os riscos instrumentalizadores de alguns matizes da ação revolucionária fossem afastados de sua obra, a qual termina por se configurar como um eficiente e dilacerado motocontínuo de pensamento/sentimento sobre a potência da utopia e a materialidade da força necessária para realizá-la.
Vladimir Ilitch Lenin é um dos melhores retratos desse esforço de problematização metalinguística e ação revolucionária via literatura de Maiakovski. Pela sua amplitude e complexidade, pela multiplicidade de elementos da tradição literária que estão dentro dele revolucionados, sob a inquieta dialética firmeza do herói X passionalidade do narrador, ele pode ser lido como um poema-turbilhão. Como a força épica e lírica disparada pela tormenta que é morte do grande herói, o poema de Maiakovski vai, vorazmente, arrastando em seu turbilhão um sem número de matérias histórico/poéticas, ressignificando-as e dando-lhes novas funções, ao agitá-las numa turbamulta ordenada pela paixão e pela missão de dar inteligibilidade seja ao sentimento do povo, de que o poeta é porta-voz, seja aos fatos ligados à biografia de Lenin, dentro do escopo histórico e semântico da Rússia revolucionária.
Iniciando-se a narração com a morte de Lenin, deslinda-se, ao longo do extenso poema, uma dinâmica e multipoética forma que dará vazão a um canto de esclarecimento, de iluminação clara e consciente, embora não puramente racional, porque, como já dissemos, será guiada pela “passionalidade” da dor humana e comum gerada pela perda do herói. Nos seus primeiros versos, o poema estampa: “É hora – / inicio / a história de Lenin. / Não porque / não há mais / desgraça, / é hora / porque / uma tristeza brusca / virou uma dor / clara e consciente. / É hora, / novamente / os lemas de Lenin em turbilhão”. Deste turbilhão fazem parte, sobretudo, os elementos da poética burguesa, reativados, revolucionados, tensionados ao limite de suas contradições. O leitor verá que o Vladimir Ilitch Lenin é uma multidão de trejeitos, gêneros e tipos poéticos. Lá estão em movimento e ressignificados em atiladíssima revolta formal o poema metalinguístico de trabalho com a palavra-coisa, a poesia-propaganda, o mergulho mais intimamente lírico, a disposição épica, a narrativa ficcional de memória histórica, a agitação, a oratória poético política, a análise e a crítica política etc. Nada disso, entretanto, encerra-se em si mesmo. Nada disso se basta a si mesmo. Maiakovski decididamente faz as formas tradicionais da literatura burguesa delirarem de utopia e desejo revolucionário.
Entre os traços mais importantes desse movimento está problematização em progresso no longo texto de Maiakovski acerca, por um lado, do chamado do poeta pela sociedade que se revoluciona e, por outro, da impotência e da pequenez humana sentida pelo escritor diante dos limites históricos reais da palavra poética. O narrador exibe-se consciente da necessidade de assunção pelo poeta do mandato da escrita: “Meu coração pede – / tenho que escrever / pelo dever do mandato”. Contudo, mais à frente, vê-se que o poeta problematiza a assertividade do mandato, ao dizer: “Como é pobre / no mundo / a oficina da palavra! / Onde a mais adequada / pegar?”. Assim, pode-se, por meio desse breve exemplo, perceber que tudo vai sendo dialeticamente problematizado, revolvido, em meio à missão de narrar a história de Lenin, do marxismo, da revolução, e também, de alguma forma, da nova situação da poesia naquele momento agudo da história da humanidade.
No caso da figura de Lenin, o poeta procura resgatar a característica de humanidade do líder político, de modo literariamente muito moderno, isto é: exibindo leis poéticas desse mesmo trabalho de resgate. Tal humanidade será reiterada inúmeras vezes no poema, muitas vezes por meio de belíssimas metáforas. É essa humanidade de Lenin que gera a principal liga de empatia entre o herói e seu narrador; é o que, por assim dizer, dispara o turbilhão que até aqui se tem apresentado. Diz o poeta, na cena que retrata o enterro do líder: “Diante de milhões de olhos, / e dos meus / dois, / apenas caramelos congelados de lágrimas, / grudados / às bochechas. / Para Deus / as honras oficiais / não são novidade. / Não! / Hoje / de dor verdadeira / gele, coração.” A “dor verdadeira”, desentranhada da imagem do protocolar funeral do líder, é também um dos motores do poema-turbilhão. Essa “dor verdadeira” visa esclarecer ao leitor a humanidade terrena de Lenin e contrastá-la com a desumanização do sistema capitalista. Esse é o desejo narrativo do poeta que diz: “O que ele fez, / que é ele / e de onde – / esse / mais humano dos humanos?”. Trata-se do “líder / semelhante a nós / – mais simples que o pão, mais direto que os trilhos”. Dessa forma, o “mais humano dos humanos”, deixa de ser um líder político instrumentalizado para, no contexto do poema, se transformar no personagem, a um só tempo, forte e frágil, humano em todos os sentidos, que é o antípoda do capital. Nesse espírito se articulam dinamicamente a biografia de Lenin e a genética do capitalismo, que sofre no texto uma transfiguração personificadora. Diz o poeta, imbuído da sua demanda social e política: “Para os netos / escrevo / numa folha / o retrato / genético do capitalismo”. Nessa missão de narrar o capitalismo personificado, a intensidade das imagens é lancinante: “Apenas engordando, / comendo e dormindo, / o capitalismo inchou / e flácido ficou. / Flácido / deitou-se / na história a caminho / do mundo, / como se sua cama fosse. / Não dá para contornar, / nem desviar; / a única saída – / é explodi-lo!” Parte da tarefa de explodi-lo é reinventar meios e formas novas de sentir e expressar artisticamente esse sentimento. Este é o intento de Maiakovski, não apenas em Vladimir Ilitch Lenin, mas em toda a sua trajetória que culmina com o duro e corajoso suicídio.
Na bela apresentação que faz do poema, Adalberto Monteiro alerta o leitor brasileiro: “Em seus poemas, Maiakovski frequentemente se dirige ao futuro, conversa com gerações de séculos vindouros. Por este e outros motivos, seus adversários diziam que ele padecia de gigantomania. Os desafetos da atualidade assacam-no: sua poesia teria sido enterrada no mesmo túmulo onde jaz a URSS. Mas a autoprofecia vai se confirmando. Sua poesia, como uma seta, a travessa a carne macia do tempo”. O poeta russo é mais do que nunca atual, com seu lirismo altissonante, delicado e energicamente engajado.
Estética, política, poética e pathos são insepráveis neste grande escritor. Não se pode aquilatar um desses elementos sem se considerar dialeticamente outro, ou outros. O poema a que o público brasileiro hoje tem acesso começa, pois, a finalmente recolocar Maiakovski numa situação mais próxima da original e, por isso, mais verdadeira historicamente. Até hoje a recepção que se teve dele no Brasil frequentemente esforçou-se por aquilatá-lo quase a fórceps em anódinos moldes concretistas, desrevolucionando a forma maiakovskiana com uma leitura pautada por um conceito desenergizado de temporalidade histórica e por uma concepção de poesia que se baseava, no mais das vezes, em platitudes pedantes acerca da palavra-coisa. Quando a crítica conservadora brasileira resgata o slogan maiakovskiano da forma revolucionária, deseja, no fundo, despolitizar uma poesia que, na verdade, sempre foi política e revolucionária, porque abriu suas comportas para a imanência do processo social.
Será preciso revolucionar a leitura que fizemos até aqui do poeta russo. Vladimir Ilitch Lenin provoca os termos de que dispomos hoje na crítica literária, os quais parecem não alcançar a possibilidade de descrever a beleza incisiva, dos versos a seguir, que jamais poderão ser observados unilateralmente, ou programaticamente: “Sou feliz. / A água da marcha que soa / leva / meu corpo imponderável. / Eu sei – a partir de agora / e para sempre / em mim / esse minuto / é o minuto. / Sou feliz, / que sou / a força dessa partícula, / que são comuns até mesmo as lágrimas dos olhos. / Impossível / com mais força / e mais pureza comungar / do grande sentimento / chamado – classe!”. A progressão poético imagética do trecho realiza o magma lírico que mescla indivíduo e grupo, classe e coletividade. Depois de lermos as palavras do poeta, nada é mais aquilo que o capitalismo nos ensinou a ser. Todos somos, podemos ser outros; o Ser o é de outra forma. A poesia de Maiakovski é, sem dúvida, uma revolução literária, em que já não é possível separar o poético do político, o gratuito do empenhado. Infelizmente, nossa miopia crítica, acirrada com o mundo pós-moderno, não nos deixa fruir em toda a sua amplitude o belo desses versos. Vladimir Ilitch Lenin é um livro-poema para se ler várias vezes, pois a cada nova leitura tudo se tornará ainda mais claro e mais intenso, como os cem sóis que habitavam prodigamente os versos de Maiakovski.
i MAIAKOVSKI, Vladimir. Vladimir Ilitch Lenin : poema. Tradução Zoia Ribeiro Prestes. Apresentação Adalberto Monteiro. Ilustrações de Mazé Leite. São Paulo: Anita Garibaldi / Fundação Maurício Grabois, 2012.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Riga é Capital Europeia da Cultura em 2014

Ser central cultural da UE é boa oportunidade de chamar a atenção para si. A capital da Letônia está satisfeita com o interesse dos visitantes, mas, acima de tudo, traz uma programação voltada para a população local.
Um povo musical
Na Letônia, a cultura sempre esteve ligada à música: os letões gostam de cantar. "Cantamos do berço ao túmulo", em qualquer época do ano e há muitas gerações, diz Muhka. "Afinal, nós éramos lavradores, primeiro para os soberanos alemães, depois para nós mesmos." E, como é sabido, o canto costuma ajudar no trabalho braçal.
E não somente nele. Na época da ocupação soviética, a identidade nacional era fortalecida nas festas populares em que se cantavam principalmente dainas, canções folclóricas letãs. Anna Muhka lembra que essas festas deram até origem à assim chamada "Revolução Cantante".
Em meados de 2014, 20 mil participantes de quase 90 países vão encher as praças e ruas da capital com seu canto, na competição coral World Choir Games. Além disso, durante todo o ano uma série de concertos trará estrelas da música mundial naturais de Riga, como o regente Mariss Jansons, a meio-soprano Elina Garanča ou o violinista Gidon Kremer.
E já no fim de semana de abertura em janeiro, a Ópera Nacional da Letônia estreia uma montagem multimídia de Rienzi, de Richard Wagner. O gênio musical alemão iniciou a composição da ópera durante seu período como mestre de capela em Riga, entre 1837 e 1839.