domingo, 15 de julho de 2012

CRITICA DE GISELLE DO SCALA DE MILÃO



Crítica: Scala de Milão traz elenco afinado em montagem de "Giselle"


Como uma companhia de dança tradicional, em que o repertório clássico ainda é o carro-chefe --embora também se permita a experimentações modernas--, o Teatro Scala de Milão cumpre com dignidade a missão de perpetuar o balé.


Em sua terceira passagem pelo Brasil, o grupo dirigido pelo russo Makhar Vaziev (ex-diretor e ex-primeiro bailarino do Kirov Ballet) apresentou "Giselle", o grande clássico da era romântica.


Em São Paulo, a companhia foi acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, sob regência do maestro italiano Alessandro Ferrari. Na estreia paulistana, no Theatro Municipal, a dupla de protagonistas Petra Conti (Giselle) e Eris Nezha (Albrecht) mostrou-se afinada com a leveza solicitada pelos personagens, principalmente no segundo ato, mais dramático e complexo em termos técnicos da dança.


"Giselle" é o tipo de história de amor sem final feliz, o que talvez contribua para que seja ainda mais admirada. A camponesa que vive com a mãe em uma pequena aldeia se apaixona por um lenhador.


Na verdade, ele era um lorde disfarçado para ficar próximo de Giselle, que descobre toda a farsa e também o fato de ele já ser comprometido. Muito triste, ela passa a ter devaneios de loucura, se fere com uma espada e morre.


O segundo ato é marcado pelo plano das sombras, onde reinam as donzelas Willys, que morreram antes do casamento e rondam os campos para fazer suas vítimas dançarem até a morte.


Giselle junta-se a esse grupo, aparece para seu amado, mas consegue salvá-lo da morte. Esta segunda parte do espetáculo compensa a fragilidade da primeira, em que o excesso de mise-en-scène o torna às vezes infantil.


Em cena, as Willys da companhia italiana entram afinadíssimas, com movimentos precisos e pernas elevadas na mesma altura, o que denota um corpo de baile em sintonia. Os braços e petinés (pequeno passo em que os pés ficam próximos e se movimentam rapidamente) são visivelmente bem estudados para alcançar a delicadeza.


Aliás, por necessitar de movimentos de extrema precisão, além de força, agilidade e outras inúmeras habilidades dos bailarinos, o balé clássico ganha em virtuosismo quando estes parecem estar fazendo pouco esforço, como é o caso do elenco do Scala. Com alguns, mas poucos erros nas principais variações, eles saltam, giram e se movimentam com desenvoltura, fazendo tudo parecer simples.


Os cenários e figurinos criados por Aleksandr Benois e reelaborados por Angelo Sala e Cinzia Rosselli contribuem para a magia do espetáculo, em que se destaca novamente o segundo ato, com suas árvores retorcidas e o tom soturno na medida certa.


Após passagem por Goiânia e Belo Horizonte, a companhia passa pelo Rio de Janeiro, de 18 a 22 de julho, no Theatro Municipal.

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