sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MÉXICO CAPTADO POR RULFO

Rulfo publicou as primeiras fotos em 1949, na revista América, realizando sua primeira exposição apenas em 1960, em Guadalajara. Discreto e criterioso, ele só começou a ficar conhecido como fotógrafo após uma grande exposição realizada no Palácio de Belas Artes da Cidade do México, em 1980, acompanhada de um catálogo, Homenaje Nacional, seis anos antes de sua morte. Este seria transformado num livro, Inframundo, que chegou às mãos da crítica e ensaísta norte-americana Susan Sontag (1933-2004), autora de um livro fundamental sobre fotografia e do prefácio da segunda tradução inglesa de Pedro Páramo. De lá para cá outros livros foram publicados sobre sua obra fotográfica, entre os quais Juan Rulfo, Letras e Imágenes (2002), em que é explorada a relação entre literatura e fotografia na obra do escritor.
Ruínas. No livro que está sendo lançado, esse é um aspecto igualmente lembrado, mas é na tragédia da infância de Rulfo que os curadores vão buscar explicações para o aspecto desolador de suas ruínas, de seus desamparados camponeses e da desértica paisagem mexicana. O curador Andrew Dempsey diz que a chave para decifrar essa terra devastada - tão bem descrita em Pedro Páramo, homem frustrado por um amor impossível, vivendo num território fantasmagórico - é mesmo a tragédia enfrentada por Rulfo quando criança. O pai morreu assassinado quanto ele tinha 6 anos - e esse choque é traduzido, em Pedro Páramo, pela loucura de Susana, a paixão juvenil do narrador onisciente, uma morta-viva quando reaparece em Comala, viúva de Florêncio e enlouquecida pelo assassinato do pai.

Nenhum comentário: