Joguei olhares vazios àquela região de vida inóspita.
Atravessada por um único caminho,
Ladeada de rochas.
Toda aquela matéria: estéril, tortuosa,bruta,
Diminuía minha estrutura.
Bastava um olhar longínquo,
para me transformar em pedra.
Eram perguntas –
pois sabia que não via o que via
no começo do caminho –
O corpo se juntou à terra
complacente de seu dever.
No horizonte eu era um todo.
II
Verdes encostas que sustentam cores no íntimo do homem,
Elevam lembranças a esse espaço compacto,
Aguçando a mente.
Geme o boi no cheiro da mata.
No sucesso exato,
enriquecendo cofres com seu sacrifício.
Esconde-se a caça entre as moitas de espinhos longos,
Seus pequenos ninhos;
Bons divertimentos para os cães fiéis.
Foge a trilha das encostas passos indicando a direção,
onde o canto existe.
Sob um teto quente resvala a chuva sem obstrução.
III
Molhei os pés nas areias quentes que rodeavam o rio.
Toquei nos grãos amarelados que cobriam a terra.
Pedaços de tempo
deixei escapar por entre dedos ágeis
que sustinham matéria,
outrora homogênea.
Sequei meu corpo no firmamento,
compacto fiquei .
Quebrei raios de sol,
estilhaços lancei.
Imergi na nova terra
Do livro: “Brasil da Silva:Mistérios de Chorar”,de Vicente de Percia, Edit/ Achiamé, Rio de Janeiro, 1ª edição, 1982. Prefácio de Antônio Carlos Vilaça: introdução de Dalma Braune Portugal do Nascimento; orelha: José Carlos Gondim; conta capa: Rose Marie Muraro.